Boa noite!
Mais uma
semana, mais um dia a fazer o que gosto, ou seja tirar fotografias, conversar
com a população e escrever, digo eu.
Hoje vou
falar do lugar do Paço.
Este lugar
só tomou o nome de povoação depois da residência aqui do Conde D.Pedro Afonso,
onde assistia no ano de 1348, mas por períodos de pouca duração, devido á sua
vida bastante movimentada.
Nos
documentos históricos do ano de 1758 consta que o Paço, tem vinte e três casas
com setenta e sete pessoas, quatro azenhas e se chama o Paço por ser este sitio
em que estivéramos Paços de Dom Pedro Afonso, Conde de Barcelos, filho
eligitimo do Rei Dom Diniz, em que residia no ano de mil trezentos e quarenta e
oito, cujo tempo passava com o nome de Quinta de Brunhido, como se refere na
História Genealógica da Caza Real Portuguesa.
Noutros
documentos encontramos que há na Freguesia o lugar do Paço de Brunhido, que foi
dos Duques de Lafões, mas era donatária a Coroa.
Estes bens
foram doados por el-rei D. Diniz a seu filho infante D.Pedro, conde de
Barcelos, o qual aqui residia em 1348. Hoje apenas resta o nome de Paço, que é
um lugarejo ao pé de Arrancada.
Supõe-se que
tal Paço era uma propriedade agora chamada Quinta da Povoa, hoje do Visconde de
Aguieira; mas de semelhante Paço não existe o mínimo de vestígios
O Conde
D.Pedro filho bastardo do Rei D.Diniz, nascera em 1280, na vila de Torres
Vedras, duma relação do Rei com D. Engrácia Anes, uma jovem da nobreza, o Rei
estimava deveras este filho e foi sua educadora a Raínha Santa Isabel, sua
esposa.
D. Pedro
Afonso viria a casar com D. Branca Peres de Sousa, filha de D.Pdro Anes Aboim
de Portel e de D. Constança Mendes de Sousa, opulenta herdeira das duas maiores
casas do reino.
No livro
Preto- vol.l,p.193 consta:
“Esta dona
branca foi casadacom d.on. pero que depois foi conde filho del Rey don donis de
Portugal. E ouue dela hum filho e morreo esta dona branca ferez e depois moreo
o filho e herdou o conde os seus bens.
E depois que
lhe moreo esta lolher a dias casou com a condessa dona Maria Ximenez filha de
dom pero coronel e de dona oraca artal natural daragon e nom ouuerom semel”
Em 1303,
D.Pedrorecebia, por troca da ordem do hospital, os bens de sua mulher tinha em
Eixo.
Em Maio de
1304, D.Pedro acompanha seu pai ea rainha a Aragão, onde D.Diniz se dirigia
como árbitro das contendas entre Castela e aquele estado. Primeiro na brilhante
reunião de Tara çona, depois na conferencia de Agrela, os dotes físicos e
espirituais de D.Pedro Afonso causaram a maior admiração. Era já de
elevadíssima estatura e um poeta inspirado.
Depois veio
a contrair novo matrimónio com D. Maria Ximenes Coronel, filha de Pero Coronel
e de D.Urraca Artal, naturais de Aragão.
Este
casamento viria a revelar-se infeliz, pelas manifestas incompatibilidades de
génios entre os esposos.
Em 1307, é
nomeado mordomo da casa da InfantaD. Beatriz, a nova herdeira da Coroa, que
viera criança para Portugal em cumprimento do tratado de Alcanices.
Em 1314, D.
Pedro é feito Conde de Barcelos.
Após a morte
de seu pai, o Conde D.Pedro passou a viver na Beira, ora nos Paços de Brunhido,
ora nos Paços de Lalim, Concelho de Tarouca, aqui com uma natureza mimosa e
selvática, grata ao seu espírito de poeta e caçador, com caçadas ao urso,ao
porco,e ao veado. Estas actividades serviam para distrair os seus desgostos,
pelo abandono da sua esposa D.Maria Ximenez.
É
certo que uma jovem de Toledo ali vivia com ele, em não disfarçado concubinato.
É D.Teresa Anes, que a si própria se qualifica de criada de D.Afonso lve de
D.Beatriz. Deve-se por isso crer-se que viera muito nova para a casa de
D.Beatriz, criança com ela a quem devia acompanhar.
D.Perdro
conhecia desde que era o governador da casa de D.Beatriz e feita uma mulher,
decerto formosa e aliciante, logrou atraí-la a si. A partir daí sempre a teve
consigo, é sem duvida ela a sua principal inspiradora, e com toda a certeza
acausa da sua desarmonia conjugal com sua esposa.
Devido
a vida pouco regrada de D.Pedro, seu pai retirou-lhe todos os cargos e bens,
obrigando-o a exilar-se em Castela, falho de recursos, alguns dos seus
cavaleiros conservaram-se fieis nesta desgraçae acompanharam-no. Em meados do
ano de 1321, decorridos três anos dos seu desterro, D. Pedro acedeu a um convite de seu irmão, o infante
D.Pedro, para regressar a Portugal.
Em
1347, para possibilitar a venda das herdades possuídas em comum com sua esposa
D.M aria Ximenes, D.Pedro por seu procurador, pois não se ausentara dos Paços
de Brunhido e de Lalim, declara fazer á Condessa dos bens possuídos por ambos
em Aragão, pátria de D.Maria Ximenes e ela, por seu turno, declara doar ao
Conde os bens que ambos possuíam em Portugal.
D.Pedro,
devido á sua vida desregada e bastante gastadora , endividou-se junto de sua
companheira D.Teresa Anes, então assistente na quinta de Brunhido, que viera ás
mãos do Conde D.P erdro por doação havia alguns anos, feita por Martin Espiunça
e sua mulher D.Urraca Esteves.
Para
conseguir pagar a D.Teresa 100.000 libras, deu-lhe a Quinta da Azoia e as casas
de Lisboa, além de outros bens.
E,m
1348, D.Teresa encontrava-se em S.Vicente da Beira, na casa de D.Pedro, ao que
parece bastante doente e fez um testamento, em que ordena que se construa uma
hospital em Lisboa, deixando D.Pedro por administrador desse hospital, com a
recomendação de a mandar sepultar onde for vontade dele. Viria a falecer em
Agosto de 1351 e foi sepultada na igreja de S.João de Tarouca.
O
conde D.Pedro era particularmente opulento em bens na região de Lamego, era
ainda senhor de Taroucas e seu termo, com Lazarim, teve as honras de Mões,
Moledo e Lamas em riba do Vouga, os coutos de Ois, Eixo, Brunhido, Requeixo,
etc, na vila do Tamega, as honras ou coutos de Paços de Gaiolo e muitos mais.
Faleceu
no ano de 1354. Jaz em S.João de Tarouca na Ordem de Cister, onde tem magnifica
sepultura levantada em tumulo de mármore, ao lado esquerdo do coro no qual se
vê uma grande estatura deitada, que mostra ser do Conde, com cabelo solto,
barba larga, que estende até ao peito, as mãos juntas, e por entre elas desce
um cordão com alguns nós, com sua borla e espada.
Dos
seus paços em Lalim nada resta, assim como dos paços neste lugar.
Das
indigações que fizeram junto de pessoas idosas do lugar do Paço, obteram a
informação que a casa onde viveu o Conde D.Pedro, teria sido, há muito
destruída por um incêndio. Nesse local existe hoje uma casa de habitação
pertencente a João Arede.
Depois
desta parte e da riquíssima história deste lugar, vou debruçar-me sobre a
actualidade e das constatações factuais do mesmo.
Começo
por constatar o degradante estado da estrada relativamente ao piso desde a
entrada do lugar até ao cimo das chamadas picadas.
A
vergonha da Rua da Balboa sem alcatrão, os proprietários deram os terrenos para alargar a mesma e continua tudo na mesma,promessa eleitoral por
cumprir.
Um
fontenário com bomba antiga, lindo em total abandono e em estado de degradação,
deplorável, urgente a sua recuperação.
Contentores
de recolha de lixo em falta nas picadas e os existentes sempre cheios.
Para
quando a recuperação do Trilho das Levadas, um trilho com 7,5 km que
dignificava e atraía centemas posso mesmo dizer milhares de visitantes e que
passava por o interior do Paço.
Não
seria um investimento muito elevado e vinha a ser uma mais valia na divulgação
da rota dos moinhos e levadas e a projecção como exlibris do parque de lazer da
Garganta, assim como a divulgação da Freguesia como destino deste desporto em
expansão a nível nacional.
Para
quando o fim de aplicação abusiva de ervicidas, neste caso com os cursos de
água existentes e a sua punível contaminação.
Recuperação
da vala de transporte de água e por os moinhos existentes a funcionar e
torná-los pontos de interesse histórico e turístico, fazendo da Vila de Valongo
do Vouga um destino obrigatório na rota dos moinhos, aproveitando o já famoso
comboio histórico com uma paragem na Freguesia.
Só
assim recuperando e preservando Valongo do Vouga acompanha o ritmo das outras
Freguesias, mas para isso acontecer tem de haver, gosto, vontade, ambição e
querer uma Vila cada vez mais atractiva e melhor.
E
mais não digo…..
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